ABRACE ESSA CAUSA!


Os efeitos da aids na vida de crianças e adolescentes brasileiros são devastadores. A doença afeta a saúde dessa população quando são infectados pelo HIV através da mãe e compromete sua estrutura familiar quando ficam órfãos em decorrência da aids.

O Adoção PositHIVa é um livro-reportagem que retrata a dificuldade que crianças e adolescentes abrigados em casas de apoio de Curitiba enfrentam na adoção por serem portadores do HIV. Alguns deles são órfãos, outros foram abandonados pela família. A adoção para eles representa a esperança de uma vida nova, a possibilidade de reconstruir ou construir uma família, onde serão amados e poderão conviver com o HIV de uma forma mais feliz.

Entretanto, adoções de crianças portadoras de HIV/aids são muito raras, as de adolescentes mais ainda. O Adoção PositHIVa apresenta-se como uma fonte de informação sobre adoção, aids e as possibilidades quando esse fatores se encontram. Além de informar, esse livro visa quebrar as barreiras que impedem uma ADOÇÃO POSITIVA!

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Relato: "Seu filho já está aí no mundo, só esperando vocês se encontrarem"

Rafael Festa se tornou pai de Kauan, 10, e emocionou milhares de internautas ao publicar um relato em sua página no Facebook. Agora, ele dá um depoimento exclusivo à Revista CRESCER 

"Eu e minha esposa sempre conversamos sobre a maternidade, sobre o desejo de ser pai e mãe, e considerávamos muito a adoção. "Talvez no segundo ou terceiro filho", dizíamos. Já tínhamos contato anterior com abrigos, então, conhecíamos um pouco da realidade dessas crianças e da necessidade em um panorama geral. Levávamos isso muito próximo ao coração. Até que um dia, em uma dessas conversas, no ano passado, surgiu a questão: “Por que não ter o nosso primeiro filho por intermédio da adoção?” 

Partimos, então, para o processo. Fomos procurar todos os trâmites legais e acabamos nos surpreendendo com a agilidade, em comparação com algumas histórias que conhecemos. Nosso processo foi muito rápido, estamos praticamente finalizando-o um ano depois. Sempre que se fala em adoção, as pessoas levam em consideração a burocracia, o tempo na fila e estamos aí para provar que não precisa ser assim. Dependendo do perfil colocado, o processo é agilizado e muito! 

Nunca excluímos a ideia de adoção tardia e colocamos um perfil bem amplo, sem discriminar raça ou idade. Como a nossa comarca [circunscrição judiciária] é pequena, o primeiro perfil que bateu, um dos poucos em processo de adoção, foi o do Kauan, de 10 anos. Percebemos em primeira mão que a adoção tardia é realmente mais ágil. Também tem toda a parte burocrática, até pelo bem-estar da criança, mas o trâmite é bem mais rápido do que colocar um perfil de recém-nascido, que a maioria das pessoas seleciona. Quanto mais restrições, mais tempo fica na fila.

(Foto: Arquivo Pessoal)
Com o relato que fiz no Facebook, recebemos um retorno muito grande de pessoas que começaram a se interessar pela adoção tardia. Assim como a gente, tinham essa ideia da adoção e imaginavam que seria um processo moroso, quando na verdade não precisa ser. Quanto mais falarmos sobre adoção tardia, mais teremos esse encontro entre famílias que querem adotar e crianças que estão à espera da adoção. Sempre falo como encontro. Seu filho ou sua filha já está aí no mundo, só esperando sua atitude para vocês se encontrarem. 


Infelizmente, existem muitos mitos sobre a adoção. “Ah vai adotar uma criança mais velha, já vai ter vários problemas”. Filho vai ser filho sendo biológico ou adotivo, vai ter os mesmos problemas, as mesmas dificuldades, os mesmos processos de crescimento… Não tem diferença. Se você tem dois filhos biológicos, um sai diferente do outro. Por que com a criança adotiva seria diferente? Cada criança tem suas particularidades, cada indivíduo é único. Então, a gente ficar imaginando um perfil, um padrão da infância, é um pouco utópico.

Temos que ter a intenção de amar, amar de verdade. Isso é tudo que aquelas crianças e adolescentes precisam. Eles vão testar, vão ser resistentes a algumas coisas, mas são processos, e o amor vence tudo isso. Na nossa situação, está sendo muito mais tranquilo do que imaginamos e só podemos agradecer por todo o crescimento que estamos tendo. Não só pelo Kauan, mas nós mesmos, como pessoa, como pai, como mãe. 
Se estávamos preparados? Como todo pai e mãe de primeira viagem, não. Buscamos informações, mas cada criança tem sua peculiaridade. Por mais que a gente se prepare, é tudo uma surpresa. Começamos a repensar muitas coisas, a avaliar a vida de outra forma, porque tem uma outra vida que depende da gente. Por mais que achemos que estamos preparado, nunca estaremos. Mas quando temos a intenção de ser pai e mãe, só é necessário estar disposto a dar amor. Seja filho biológico ou filho adotivo, não importa."

Por Depoimento a Aline Melo -  Revista Crescer - 21/05/2018

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