A decisão de adotar uma criança não precisa estar ligada a uma impossibilidade de engravidar. Histórias de famílias que escolheram essa forma de ter filhos se espalham cada vez mais.
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(Foto: Thinkstock) |
“Nossa gestação não foi das mais convencionais. Não vimos nossa barriga crescer (...). Em vez de um teste de farmácia, tivemos uma assistente social nos falando que existia a possibilidade de estarmos grávidos".
O trecho acima é parte do depoimento do fotógrafo Rafael Festa, postado no Facebook e compartilhado mais de 113 mil vezes. No texto, ele compara o processo de adoção a ter um filho biológico. Recentemente, ele se tornou pai de Kauan, 10 anos, e, desde então, tem levantado a bandeira da adoção.
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Rafael se tornou pai de Kauan, 10 anos (Foto: Arquivo Pessoal) |
Ele não está sozinho. O conceito de família, por muito tempo atrelado à genética, se modificou ao longo dos anos. Com os movimentos sociais que tiveram lugar entre as décadas de 60 a 80, as mulheres passaram a ter mais liberdade para escolher se queriam ou não engravidar. Consequentemente, as relações afetivas foram permeadas por essas possibilidades. “Percebemos como tendência as alternativas à parentalidade, dentre elas, a adoção”, aponta Clotilde Perez, coordenadora do Observatório de Tendências Ipsos.
Segundo a antropóloga Débora Allebrandt, professora do programa de pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a adoção, antes vista por um olhar salvacionista, ganhou o sentido de constituir uma família. “Agora as pessoas não querem simplesmente ajudar essa criança lhe dando um lar, mas tê-la como filho”, explica. “Pensar na adoção como primeira escolha é um produto dessa transformação de sentido. A geração que está por vir já deve conseguir ver isso com mais clareza", explica.
Por Aline Melo e Giovanna Forcioni, com Vanessa Lima - Revista Crescer - 21/05/2018
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