ABRACE ESSA CAUSA!


Os efeitos da aids na vida de crianças e adolescentes brasileiros são devastadores. A doença afeta a saúde dessa população quando são infectados pelo HIV através da mãe e compromete sua estrutura familiar quando ficam órfãos em decorrência da aids.

O Adoção PositHIVa é um livro-reportagem que retrata a dificuldade que crianças e adolescentes abrigados em casas de apoio de Curitiba enfrentam na adoção por serem portadores do HIV. Alguns deles são órfãos, outros foram abandonados pela família. A adoção para eles representa a esperança de uma vida nova, a possibilidade de reconstruir ou construir uma família, onde serão amados e poderão conviver com o HIV de uma forma mais feliz.

Entretanto, adoções de crianças portadoras de HIV/aids são muito raras, as de adolescentes mais ainda. O Adoção PositHIVa apresenta-se como uma fonte de informação sobre adoção, aids e as possibilidades quando esse fatores se encontram. Além de informar, esse livro visa quebrar as barreiras que impedem uma ADOÇÃO POSITIVA!

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Primeira opção: adotar

A decisão de adotar uma criança não precisa estar ligada a uma impossibilidade de engravidar. Histórias de famílias que escolheram essa forma de ter filhos se espalham cada vez mais. 

(Foto: Thinkstock)
“Nossa gestação não foi das mais convencionais. Não vimos nossa barriga crescer (...). Em vez de um teste de farmácia, tivemos uma assistente social nos falando que existia a possibilidade de estarmos grávidos".

O trecho acima é parte do depoimento do fotógrafo Rafael Festa, postado no Facebook e compartilhado mais de 113 mil vezes. No texto, ele compara o processo de adoção a ter um filho biológico. Recentemente, ele se tornou pai de Kauan, 10 anos, e, desde então, tem levantado a bandeira da adoção.

Rafael se tornou pai de Kauan, 10 anos (Foto: Arquivo Pessoal)

Ele não está sozinho. O conceito de família, por muito tempo atrelado à genética, se modificou ao longo dos anos. Com os movimentos sociais que tiveram lugar entre as décadas de 60 a 80, as mulheres passaram a ter mais liberdade para escolher se queriam ou não engravidar. Consequentemente, as relações afetivas foram permeadas por essas possibilidades. “Percebemos como tendência as alternativas à parentalidade, dentre elas, a adoção”, aponta Clotilde Perez, coordenadora do Observatório de Tendências Ipsos.

Segundo a antropóloga Débora Allebrandt, professora do programa de pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a adoção, antes vista por um olhar salvacionista, ganhou o sentido de constituir uma família. “Agora as pessoas não querem simplesmente ajudar essa criança lhe dando um lar, mas tê-la como filho”, explica. “Pensar na adoção como primeira escolha é um produto dessa transformação de sentido. A geração que está por vir já deve conseguir ver isso com mais clareza", explica. 

Por Aline Melo e Giovanna Forcioni, com Vanessa Lima - Revista Crescer - 21/05/2018

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