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Adoção PositHIVa é um livro-reportagem que traz histórias reais de crianças e adolescentes com HIV, acolhidos em casas de apoio de Curitiba/PR, que vivenciaram o desafio — e a esperança — de encontrar uma família.

Escrito em 2006, o livro retrata a realidade daquela época. Alguns dados e referências estão desatualizados: na ocasião, por exemplo, o Cadastro Nacional de Adoção ainda não existia e os números da AIDS eram outros. Mas o que permanece atual são os relatos — intensos, corajosos e comoventes — de quem sonhava com pertencimento e de famílias dispostas a enxergar além do diagnóstico.

Mesmo com os avanços da medicina, o preconceito ainda é uma das maiores barreiras à adoção de crianças vivendo com HIV. E, ainda hoje, muitas continuam invisíveis, aguardando por um lar.

Mais do que informar, Adoção PositHIVa convida à escuta, à empatia e ao amor sem barreiras. É, até hoje, a única obra jornalística brasileira a unir dois temas tão sensíveis — adoção e HIV — com o propósito de esclarecer, sensibilizar e ajudar a transformar encontros possíveis em adoções positivas.



Primeira opção: adotar

A decisão de adotar uma criança não precisa estar ligada a uma impossibilidade de engravidar. Histórias de famílias que escolheram essa forma de ter filhos se espalham cada vez mais. 

(Foto: Thinkstock)
“Nossa gestação não foi das mais convencionais. Não vimos nossa barriga crescer (...). Em vez de um teste de farmácia, tivemos uma assistente social nos falando que existia a possibilidade de estarmos grávidos".

O trecho acima é parte do depoimento do fotógrafo Rafael Festa, postado no Facebook e compartilhado mais de 113 mil vezes. No texto, ele compara o processo de adoção a ter um filho biológico. Recentemente, ele se tornou pai de Kauan, 10 anos, e, desde então, tem levantado a bandeira da adoção.

Rafael se tornou pai de Kauan, 10 anos (Foto: Arquivo Pessoal)

Ele não está sozinho. O conceito de família, por muito tempo atrelado à genética, se modificou ao longo dos anos. Com os movimentos sociais que tiveram lugar entre as décadas de 60 a 80, as mulheres passaram a ter mais liberdade para escolher se queriam ou não engravidar. Consequentemente, as relações afetivas foram permeadas por essas possibilidades. “Percebemos como tendência as alternativas à parentalidade, dentre elas, a adoção”, aponta Clotilde Perez, coordenadora do Observatório de Tendências Ipsos.

Segundo a antropóloga Débora Allebrandt, professora do programa de pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a adoção, antes vista por um olhar salvacionista, ganhou o sentido de constituir uma família. “Agora as pessoas não querem simplesmente ajudar essa criança lhe dando um lar, mas tê-la como filho”, explica. “Pensar na adoção como primeira escolha é um produto dessa transformação de sentido. A geração que está por vir já deve conseguir ver isso com mais clareza", explica. 

Por Aline Melo e Giovanna Forcioni, com Vanessa Lima - Revista Crescer - 21/05/2018

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