ABRACE ESSA CAUSA!


Os efeitos da aids na vida de crianças e adolescentes brasileiros são devastadores. A doença afeta a saúde dessa população quando são infectados pelo HIV através da mãe e compromete sua estrutura familiar quando ficam órfãos em decorrência da aids.

O Adoção PositHIVa é um livro-reportagem que retrata a dificuldade que crianças e adolescentes abrigados em casas de apoio de Curitiba enfrentam na adoção por serem portadores do HIV. Alguns deles são órfãos, outros foram abandonados pela família. A adoção para eles representa a esperança de uma vida nova, a possibilidade de reconstruir ou construir uma família, onde serão amados e poderão conviver com o HIV de uma forma mais feliz.

Entretanto, adoções de crianças portadoras de HIV/aids são muito raras, as de adolescentes mais ainda. O Adoção PositHIVa apresenta-se como uma fonte de informação sobre adoção, aids e as possibilidades quando esse fatores se encontram. Além de informar, esse livro visa quebrar as barreiras que impedem uma ADOÇÃO POSITIVA!

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Dia Nacional da Adoção

Crianças 'fora do perfil' crescem à espera de uma família, mostra guia online

Crianças disponíveis para adoção em abrigo do Rio Grande do Sul (Foto: RBS TV/Reprodução)
Filho não se escolhe, mesmo quando é fruto do nosso próprio DNA. O processo é aparentemente simples: os cromossomos da mãe se juntam com os do pai e a mistura resulta em um ser único. As particularidades, porém, podem variar de um olho verde a uma má formação ou doença congênita – não há como prever.

Então, por que o sistema de adoção funciona como a prateleira de um supermercado, onde é possível escolher o produto que se quer?

A resposta, segundo uma das autoras do guia digital "Três vivas para adoção", que será lançado em Brasília nesta sexta-feira (25), é que muitos mitos ainda pairam sobre a questão. Especialmente, quando as crianças fogem do perfil mais procurado: brancas, com menos de 3 anos, sem irmãos e "saudáveis".

Em 118 páginas, o e-book orienta mulheres, homens e casais que desejam adotar pela perspectiva de quem fugiu do padrão majoritário. Há depoimentos de famílias, de uma "mãe social" (que cuida das crianças em um abrigo), de um juiz e de uma jovem adotada que é portadora do vírus HIV desde o nascimento.

Crianças disponíveis para adoção (Foto: Caio Kenji/G1)
"Sou primariamente uma pessoa que tem apoio e carinho familiar e que têm ambições, mas também sou a pessoa que passou por um processo adotivo e tem HIV. Ambas faces fazem parte do meu ser com a mesma naturalidade", diz o relato da adolescente.

"Três Vivas para a Adoção" é resultado da parceria do Movimento de Ação e Inovação Social (que compreende o Movimento Down e o Movimento Zika) com a Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (Angaad), a ONG Aconchego, a Fundação Ford, o Conselho Nadional de Justiça, a Associação Brasileira dos Magistrados da Infância e da Juventude e o Fórum Nacional de Justiça Protetiva.

Capa do guia "Três vivas para a adoção! Guia para adotantes", escrito por Fabiana Gadelha e Patrícia Almeida (Foto: Três vivas para a adoção/Reprodução)
No Distrito Federal, das 512 famílias habilitadas para adoção, apenas 37 estão dispostas a conhecer uma criança com mais de 2 anos, segundo dados da Vara da Infância e da Juventude. Quando o perfil assume outras características, como algum tipo de deficiência, o índice de rejeição tende a aumentar.

"Esse perfil ideal não existe. Não existe garantia de saúde nem na gravidez. Esse é o erro", explica a advogada e ex-presidente da ONG Aconhego Fabiana Gadelha, que assina o guia juntamente com a fundadora do Movimento Down, Patrícia Almeida. "As pessoas têm que parar de achar que vão escolher o filho perfeito e ele não vai ter problema."

Passo a passa da adoção no guia "Três vivas para a adoção", escrito por Fabiana Gadelha e Patrícia Almeida (Foto: Três vivas para a adoção/Reprodução)
Para se preparar para os desafios da adoção, o guia também contém o passo a passo de como dar entrada no processo, e explicações sobre a "busca ativa" – quando ONGs e instituições do governo se juntam para viabilizar o encontro de famílias e crianças a partir de cadastros informais de todo o país.

Passo a passa da adoção no guia "Três vivas para a adoção", escrito por Fabiana Gadelha e Patrícia Almeida (Foto: Três vivas para a adoção/Reprodução)
Adoção necessária
As "adoções necessárias" são a maior motivação do guia. Elas compreendem todas as crianças que têm dificuldade para encontrar uma família, porque estão fora do perfil mais procurado.

São meninos e meninas com mais de 3 anos, negros, com síndrome de Down, soropositivos, com algum tipo de deficiência, paralisia cerebral e outras doenças congênitas, e com um ou mais irmãos.

Este grupo representa cerca de 90% de todas as crianças disponíveis para adoção na capital federal e também maioria dos meninos e meninas que crescem nos abrigos do Brasil. Só em Brasília, dos 117 meninos e meninas que esperam por uma família, 78 são pré-adolescentes e adolescentes, com idade entre 10 e 18 anos incompletos.

O guia online cumpre um papel importante de conscientização "para mostrar que estas crianças são filhos possíveis", diz Fabiana.

Chegar ao ponto de aceitar uma criança como ela for, às vezes, passa por um longo processo de espera pelo "filho ideal" e de reflexões profundas sobre o sentido da adoção, diz Fabiana.

Criança disponível para adoção em Mato Grosso (Foto: Jana Pessôa/Setas-MT)
"Na gravidez, pode dar tudo certo e, mesmo assim, ele nascer com alguma deficiência. Ou pode nascer saudável e adoecer, isso faz parte", diz a advogada que é mãe de três filhos, sendo dois meninos adotados – Arthur, de 7 anos, e Miguel, de 9, que tem síndrome de Down.

"Quando o adotante tem conhecimento que é possível ter um filho com HIV, sem braço, com deficiência, que vem com outros dois ou três irmãos. Uma criança que tem 5, 6 , 7, 12 anos, ele amadurece e se fortalece para enfrentar as adversidades."

"Na adoção você não quer a garantia de nada, é uma questão de escolha. Quando o filho chega, a entrega é a mesma que se ele fosse biológico."

O mito dos 'vícios'
Os hábitos adquiridos nos primeiros anos de vida, com a família biológica ou na casa de acolhimento, são o principal argumento de quem recusa a adoção de crianças com mais de 3 anos. "As pessoas acham que uma criança maior vai vir cheia de 'vícios', maus hábitos", explicou Fabiana ao G1.

Adoção em Mato Grosso (Foto: Leandro J. Nascimento/G1)
Segundo ela, que trabalha na ONG Aconchego há cerca de dez anos, as crianças maiores têm consciência da própria condição de vulnerabilidade e solidão e isso pode ser um facilitador no processo. "Se ela se propuser a pertencer àquela família, ela vai chegar inteira."

'Filho não é produto'
As crianças disponíveis para adoção no Brasil não foram fabricadas em uma esteira de produção ou trazidas por uma cegonha. Todas elas têm histórias próprias e bagagem familiar, que variam conforme as circunstâncias onde nasceram ou foram criadas até chegar ao abrigo.

"As crianças podem ser frutos de violência, do uso de álcool e drogas, de pais que estavam em depressão ou com alguma questão de vulnerabilidade. Claro que elas vão ter uma perspectiva de vida diferente", explica Fabiana.

Este histórico, porém não deveria ser um empecilho à adoção. "Posso fazer tudo bacana na gravidez, tomar todas as vitaminas e essa criança ter problemas de aprendizado. Não tem a ver só com genética."

Por Luiza Garonce, G1 DF, em 25/05/2018

Por encontros de AMOR todos os dias!


Adoção: "Também queríamos filhos biológicos, mas os do coração sempre foram prioridade"

A servidora pública Josie Menezes Pretto, 39, conta sobre a espera pela chegada do filho Gabriel, 3

Josie ao lado do marido Giorgio e do filho Gabriel (Foto: Arquivo pessoal)
"Desde pequena, sempre tive certeza de eu seria mãe por adoção. Quando conheci o Giorgio, hoje meu marido, eu logo avisei que só casaria com quem estivesse disposto a compartilhar esse sonho comigo. Mesmo sem nunca ter pensado na ideia, ele foi super receptivo e teve o coração totalmente aberto para isso.

Anos depois, decidimos que era a hora de ter filhos. Ao mesmo tempo em que “liberamos”, entramos com o processo de adoção. Nem esperamos para saber se a gente teria ou não condições de gestar uma criança. Como tínhamos consciência de que o processo de adoção era demorado, nos programamos para ter os biológicos nesse meio tempo, enquanto nosso filho do coração não chegava.

Tentamos e vimos que não ia dar por meios naturais. Arriscamos inseminações artificiais e fertilizações in vitro para “passar o tempo”. A ideia era que o filho do coração fosse o caçula. Inicialmente, pensamos em adotar bebês de até 2 anos. Depois, aumentamos a faixa etária. Sabíamos que a espera fazia parte. É um caminho legal, curtimos bastante: comprávamos roupinhas, bem devagar, um pouco de cada coisa. Ficamos mais de 6 anos na fila do Cadastro Nacional de Adoção.

Josie e Giorgio fizeram um ensaio fotográfico para recepcionar o filho (Foto: Arquivo pessoal)
Eu sempre soube que o dia do telefonema ia ser o dia mais feliz da minha vida. E foi. 

Alguns dias antes, meu pai veio para Joinville fazer um tratamento de saúde. Passei toda a manhã cancelando nossa viagem de férias e esperando ligações do convênio referentes a autorizações de exames e procedimentos do meu pai. Creio ter sido o primeiro dia, em quase sete anos, que não tive cabeça para pensar: "Será que o telefone vai tocar hoje para dizer que somos papais?" Eu só pensava no meu pai. Antes de sair de casa, meu marido disse que teria um dia cheio. Almoçamos (meus pais, minha irmã e eu) e fui lavar a louça. Quando ouvi o toque do meu celular, larguei tudo e atendi rapidamente sem olhar o número, certamente era do convênio.

O diálogo foi o seguinte:
- Alô?
- Alô, quem fala?
- É a Josie.
- Você e seu marido estão há mais de seis anos na fila da adoção, não é? Então, chegou a vez de vocês! Parabéns, mamãe!! É um menino lindo de 1 ano e 5 meses.

A sequência, vocês podem imaginar. Depois de uma notícia super triste do meu pai, veio a notícia que a família mais esperava. Eu chorava compulsivamente. Sempre pensei que o dia em que isto acontecesse eu iria comprar uma peça de roupa de bebê, fazer uma cartinha e ir até o hospital em que o Giorgio estivesse trabalhando para fazer uma grande surpresa. Que nada. Na hora eu só pensei: ele tem um dia cheio e eu vou garantir que ele saia até a hora marcada para estarmos no fórum. 

Então, liguei para ele:
- Alô, papai!
- Hã, o que tem o seu Josué?
- Chegou a nossa vez! Nós somos papais de um menininho de 1 ano e 5 meses!

Ele demorou tanto para reagir, que achei tivesse desmaiado ou caído a ligação. Até que soltou um: "Eu não acredito!"

(Foto: Arquivo pessoal)
No outro dia, fomos conhecer o Gabriel. E naquele momento vimos que tinha que ser ele. O amor foi apenas personificado, tomou forma e direção, pois já estava dentro de nós desde sempre. Amávamos aquele menino há milênios. A empatia foi total. Sob a orientação da psicóloga, brincamos com ele, demos almoço e ficou combinado de que a guarda deveria sair mais ou menos uma semana depois. Aí veio a surpresa: nos ligaram dizendo que, diante do nosso entrosamento maravilhoso já à primeira visita, elas tinham conversado com a equipe da vara da infância para liberarem a guarda do Gabi para nós no dia seguinte. 

Tivemos que passar a noite no shopping comprando tudo o que faltava para o enxoval. Não vivi a emoção de preparar as coisas com toda a calma para um recém-nascido, ao longo de 9 meses. Mas posso dizer que vivi intensamente a experiência de montar um enxoval completo literalmente da noite para o dia. Com a ajuda impagável da minha mãe e da minha irmã caçula.

Quando levamos o Gabi do abrigo para casa, ele dormiu nos meus braços pela primeira vez. E, neste momento em diante, não é que não importava que eu não o tivesse gestado na minha barriga. Eu tinha, sim, gestado, amamentado, presenciado seus primeiros passos, acompanhado o nascimento do seu primeiro dentinho, segurado a sua mãozinha em todas as vacinas. Eu tinha feito tudo. Daquele momento em diante eu era uma mãe plena. Eu havia vivido tudo aquilo. Ele é meu e sempre foi. Este pedacinho de gente me pertence e eu a ele desde sempre. Não sinto falta de nada. Sou uma mãe completa. Hoje posso dizer que o amor que vem da adoção é tão grande quanto o sentimento de gerar um filho."

Por Depoimento a Giovanna Forcioni - atualizada em 21/05/2018 15h48

Adoção tardia: "No abrigo, eles não educam as crianças; adestram"

Noeli Martins adotou Amanda e Alice, na época com 7 e 5 anos de idade, respectivamente

Noeli Martins e suas quatro filhas: Luiza, 18, Alice, 14, Amanda, 12 e Larissa, 6 (Foto: Arquivo Pessoal)
"Desde nova eu falava que teria quatro filhos e que um deles seria por meio da adoção. Quando casei com o João Paulo, ele compartilhava dessa ideia de adotar. Primeiro, tivemos nossa filha, Luiza. Quando ela tinha 10 anos, vimos que nossa vida já estava estabilizada e que poderiam vir outros. Entramos na fila de adoção. Colocamos que poderia ser uma criança de 2 a 7 anos, até irmãs, com doença tratável, independente de raça. Só especifiquei mesmo que queria uma menina. Um ano e oito meses depois, nos ligaram de São Paulo. 

Fomos até o fórum fazer a entrevista e já na saída deixaram que fôssemos até ao abrigo conhecer as duas meninas, o que não é de praxe. Naquele primeiro encontro, já começamos a gostar delas. A gente gosta primeiro do nome, depois do jeitinho das crianças... Nisso, ficamos indo três meses para São Paulo, toda semana. A gente saía daqui de domingo a noite de ônibus, chegava lá segunda de manhã para ficar três horas com as meninas. Toda semana. 

Até que chegou o feriado do dia 2 de novembro e deixaram elas virem para cá. Passaram 4 dias com a gente. Nos disseram que se elas gostassem da gente, da casa, poderiam voltar já para guarda provisória. Quando voltamos lá, uma sexta-feira, elas estavam nos esperando. Segundo as moças do abrigo, elas chegavam todos os dias da escola e sentavam na frente do portão, esperando a gente chegar. Trouxemos elas.  

Durante o ano que se seguiu, ninguém ligou. Nenhuma assistente social. Nem para saber se a gente era maluco ou não, se estávamos tratando as meninas bem. Foi como se tivessem dado um filhote de cachorro… Falam que a adoção é tanta burocracia, mas, no final, nos deram as crianças sem se preocupar para onde elas iriam. Eu mesma tive de ir atrás para ver em que pé estava o processo. A assistente veio até minha casa, fez a entrevista com as meninas e, dentro de um mês, chegou a carta judicial de que eu poderia cancelar a certidão de nascimento delas de São Paulo e registrá-las aqui com nosso nome.  
Amanda e Alice com os avós maternos no dia de seu batizado (Foto: Arquivo Pessoal)
O primeiro ano foi punk, porque no abrigo eles não educam as crianças; adestram. A Amanda tinha 5 anos e a Alice tinha 7. Elas sabiam arrumar cama, lavar a louça, mas não tinham noção alguma de higiene, agiam como bebês. A Amanda sabia cinco palavras com 5 anos. Além do vocabulário pequeno, ela não sabia chorar, não andava direito, nem sabia o que fazer com as mãos... Elas até que se adaptaram fácil. Para nós, foi mais difícil. 

Quando falamos em adoção, é necessário não ter pena. As pessoas diziam para elas “tadinhas”. Até hoje eu falo, “tadinhas, não”. Elas não são dignas de pena, elas tiveram muita sorte em ter pais que as adotaram. Acima de tudo, a adoção é uma escolha muito gratificante. As pessoas dizem, “Eu te admiro pelo que tu fez por elas”, mas é gratificante para nós. Elas nos ensinaram muito sobre amar uma pessoa que você nunca viu, que veio da barriga de outra pessoa... Ensinaram que o amor pode ser igual, exatamente o mesmo. 

Depois de 7 meses, eu engravidei sem querer. Veio a Larissa para consolidar o que é amor de irmão, porque elas sequer tinham isso uma com a outra. Elas brigavam, se arranhavam, batiam uma na outra… Tudo isso, a gente teve que ensinar. Muitas vezes, assumo que tinha vontade de desistir, e meu marido sempre dizia 'não desiste, porque senão eu também desisto, vamos aguentar firme”'. Vai completar 8 anos que estamos todos juntos. São quatro filhas e muito amor." 

Por Depoimento a Aline Melo - Revista Crescer - 21/05/2018

Relato: "Sempre quis ser mãe, mas nunca tive o sonho de ter um filho biológico"

A professora de educação física Helena Sisson, 44, conta sobre a espera pela chegada da filha Maya, 6
Helena ao lado do marido e da filha, Maya (Foto: Arquivo pessoal)

"Sempre quis ser mãe por adoção. Para mim, não era um sonho ter um filho biológico. Quando dizia que não tinha vontade de engravidar, as pessoas perguntavam o por quê e eu dizia que era uma questão de valores, não tinha nada a ver com o ganho de peso ou das mudanças do corpo. Quando conheci o Giuliano, meu marido, logo disse que não tinha sonho de ficar grávida. Ele não viu problema nisso.
Casamos, compramos um apartamento e a primeira coisa que arrumamos na nossa nova casa foi o quartinho da nossa filha. Ainda nem estávamos na fila de adoção, mas já sabíamos que teríamos uma menina. Colocamos prateleiras, contratamos o pintor e deixamos tudo pronto. Quisemos fazer tudo rápido porque não sabíamos quanto tempo ia demorar para a nossa filha chegar. Na gestação você tem 9 meses para se preparar, mas eu achava que teria menos tempo que isso. Por dois anos, o quarto ficou montado e fechado. Pensamos várias vezes em desistir e fazer uma sala de jogos ali. Meu marido então pediu que entrássemos logo com o processo de adoção. 

Enquanto ainda estávamos na fila, criamos um “nome fictício” para a nossa filha. Ela se chamava Natasha Kelly. Criamos um álbum no Facebook e pedimos para nossa família e amigos tirarem fotos com plaquinhas contando como estavam ansiosos com a chegada dela. Criamos até a hashtag #vemnatasha. Todos sabiam que a gente queria adotar e a maioria deles nunca foi contra. Mas a família do meu marido sempre teve um pé atrás com essa nossa decisão, diziam que era coisa da minha cabeça. Aos poucos, foram se acostumando com a ideia. Começou com “eles vão pegar para criar”, evoluiu para “eles vão adotar” e no fim viviam perguntando “cadê a minha neta?”. 

Família e amigos fizeram um álbum de fotos para recepcioná-la (Foto: Reprodução/Facebook)
No dia 29 de outubro de 2015, depois de dois anos de espera, finalmente recebemos a tão esperada ligação. Descobrimos que seríamos pais de uma menina de 3 anos e 9 meses que, por coincidência, tinha Kelly no nome. Ela foi registrada como Maya Kelly. 

Na terça-feira seguinte, fomos conhecê-la. Achei que fosse chorar o tempo inteiro, mas consegui me controlar. Entramos na sala e ela sentou no nosso colo, trazendo um álbum com as nossas fotos. Quando perguntamos quem eram aquelas pessoas, ela apontou para a foto do meu marido e disse “é o meu pai”.

Depois que ela veio para casa conosco, a adaptação foi longa e a Maya passou por várias fases diferentes. No começo, tudo era lindo. Depois ela começou a falar como um bebê. Até que começaram as agressões, ele me mordia, me chutava. Foi bem difícil. Ela estragou quase todos os brinquedos que tinha ganhado, mas hoje está super bem. Às vezes, pergunta sobre a “mãe de verdade”, mas explico e logo ela entende. Esses dias mesmo ela me disse que a "outra mãe" deveria ser muito gentil, porque sabia que estava doente e deu a bebê para que o juiz entregá-la a uma família que queria uma menina.

Maya hoje tem 6 anos de idade (Foto: Arquivo pessoal)
A Maya não conheceu os genitores. Ela saiu do hospital e foi direto para o abrigo. Mas se um dia quiser conhecer os pais biológicos, vamos dar todo o acesso. Sabemos que não é a genética que nos torna mais ou menos pais. A questão genética define a cor dos olhos, da pele e só. O mais importante é o tempo que ela passa com a gente e os valores que a gente transmite. Hoje eu sou super realizada. Sempre quis ser mãe e isso não significa necessariamente gerar filhos, não acho que tenha que ser por vias biológicas. Para mim, a adoção nunca foi um plano B."

Por Depoimento a Giovanna Forcioni - Revista Crescer - 21/05/2018

Relato: "Seu filho já está aí no mundo, só esperando vocês se encontrarem"

Rafael Festa se tornou pai de Kauan, 10, e emocionou milhares de internautas ao publicar um relato em sua página no Facebook. Agora, ele dá um depoimento exclusivo à Revista CRESCER 

"Eu e minha esposa sempre conversamos sobre a maternidade, sobre o desejo de ser pai e mãe, e considerávamos muito a adoção. "Talvez no segundo ou terceiro filho", dizíamos. Já tínhamos contato anterior com abrigos, então, conhecíamos um pouco da realidade dessas crianças e da necessidade em um panorama geral. Levávamos isso muito próximo ao coração. Até que um dia, em uma dessas conversas, no ano passado, surgiu a questão: “Por que não ter o nosso primeiro filho por intermédio da adoção?” 

Partimos, então, para o processo. Fomos procurar todos os trâmites legais e acabamos nos surpreendendo com a agilidade, em comparação com algumas histórias que conhecemos. Nosso processo foi muito rápido, estamos praticamente finalizando-o um ano depois. Sempre que se fala em adoção, as pessoas levam em consideração a burocracia, o tempo na fila e estamos aí para provar que não precisa ser assim. Dependendo do perfil colocado, o processo é agilizado e muito! 

Nunca excluímos a ideia de adoção tardia e colocamos um perfil bem amplo, sem discriminar raça ou idade. Como a nossa comarca [circunscrição judiciária] é pequena, o primeiro perfil que bateu, um dos poucos em processo de adoção, foi o do Kauan, de 10 anos. Percebemos em primeira mão que a adoção tardia é realmente mais ágil. Também tem toda a parte burocrática, até pelo bem-estar da criança, mas o trâmite é bem mais rápido do que colocar um perfil de recém-nascido, que a maioria das pessoas seleciona. Quanto mais restrições, mais tempo fica na fila.

(Foto: Arquivo Pessoal)
Com o relato que fiz no Facebook, recebemos um retorno muito grande de pessoas que começaram a se interessar pela adoção tardia. Assim como a gente, tinham essa ideia da adoção e imaginavam que seria um processo moroso, quando na verdade não precisa ser. Quanto mais falarmos sobre adoção tardia, mais teremos esse encontro entre famílias que querem adotar e crianças que estão à espera da adoção. Sempre falo como encontro. Seu filho ou sua filha já está aí no mundo, só esperando sua atitude para vocês se encontrarem. 


Infelizmente, existem muitos mitos sobre a adoção. “Ah vai adotar uma criança mais velha, já vai ter vários problemas”. Filho vai ser filho sendo biológico ou adotivo, vai ter os mesmos problemas, as mesmas dificuldades, os mesmos processos de crescimento… Não tem diferença. Se você tem dois filhos biológicos, um sai diferente do outro. Por que com a criança adotiva seria diferente? Cada criança tem suas particularidades, cada indivíduo é único. Então, a gente ficar imaginando um perfil, um padrão da infância, é um pouco utópico.

Temos que ter a intenção de amar, amar de verdade. Isso é tudo que aquelas crianças e adolescentes precisam. Eles vão testar, vão ser resistentes a algumas coisas, mas são processos, e o amor vence tudo isso. Na nossa situação, está sendo muito mais tranquilo do que imaginamos e só podemos agradecer por todo o crescimento que estamos tendo. Não só pelo Kauan, mas nós mesmos, como pessoa, como pai, como mãe. 
Se estávamos preparados? Como todo pai e mãe de primeira viagem, não. Buscamos informações, mas cada criança tem sua peculiaridade. Por mais que a gente se prepare, é tudo uma surpresa. Começamos a repensar muitas coisas, a avaliar a vida de outra forma, porque tem uma outra vida que depende da gente. Por mais que achemos que estamos preparado, nunca estaremos. Mas quando temos a intenção de ser pai e mãe, só é necessário estar disposto a dar amor. Seja filho biológico ou filho adotivo, não importa."

Por Depoimento a Aline Melo -  Revista Crescer - 21/05/2018

Primeira opção: adotar

A decisão de adotar uma criança não precisa estar ligada a uma impossibilidade de engravidar. Histórias de famílias que escolheram essa forma de ter filhos se espalham cada vez mais. 

(Foto: Thinkstock)
“Nossa gestação não foi das mais convencionais. Não vimos nossa barriga crescer (...). Em vez de um teste de farmácia, tivemos uma assistente social nos falando que existia a possibilidade de estarmos grávidos".

O trecho acima é parte do depoimento do fotógrafo Rafael Festa, postado no Facebook e compartilhado mais de 113 mil vezes. No texto, ele compara o processo de adoção a ter um filho biológico. Recentemente, ele se tornou pai de Kauan, 10 anos, e, desde então, tem levantado a bandeira da adoção.

Rafael se tornou pai de Kauan, 10 anos (Foto: Arquivo Pessoal)

Ele não está sozinho. O conceito de família, por muito tempo atrelado à genética, se modificou ao longo dos anos. Com os movimentos sociais que tiveram lugar entre as décadas de 60 a 80, as mulheres passaram a ter mais liberdade para escolher se queriam ou não engravidar. Consequentemente, as relações afetivas foram permeadas por essas possibilidades. “Percebemos como tendência as alternativas à parentalidade, dentre elas, a adoção”, aponta Clotilde Perez, coordenadora do Observatório de Tendências Ipsos.

Segundo a antropóloga Débora Allebrandt, professora do programa de pós-graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a adoção, antes vista por um olhar salvacionista, ganhou o sentido de constituir uma família. “Agora as pessoas não querem simplesmente ajudar essa criança lhe dando um lar, mas tê-la como filho”, explica. “Pensar na adoção como primeira escolha é um produto dessa transformação de sentido. A geração que está por vir já deve conseguir ver isso com mais clareza", explica. 

Por Aline Melo e Giovanna Forcioni, com Vanessa Lima - Revista Crescer - 21/05/2018

Polêmico, projeto propõe flexibilizar regras de adoção de crianças e adolescentes



Um projeto de lei de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) tem causado preocupação em profissionais, militantes e entidades que defendem os direitos da criança e do adolescente. Trata-se do PLS 394/2017, que propõe mudanças nas regras de adoção estabelecidas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e institui o Estatuto da Adoção. O projeto interfere no trabalho de psicólogos e assistentes sociais que hoje atuam nos fóruns do país em processos de adoção, ao propor que tais funções possam ser exercidas por funcionários das administrações municipais. Segundo o Movimento pela Proteção Integral de Crianças e Adolescentes, o projeto pode causar uma série de desobrigações às políticas públicas setoriais básicas que deveriam preservar laços familiares. A deputada Beth Sahão (PT) pondera que o Estado também tem responsabilidade em ajudar a mãe a criar o seu filho. Clique aqui e ouça a reportagem da Rádio Brasil Atual.

O passo a passo da Adoção

Esse post é dedicado aos interessados em adotar um filho, seja criança ou adolescente, o processo é o mesmo. Achei esse infográfico bem interessante para ilustrar o caminho a se percorrer desde a habilitação até a adoção de fato. 


Essa primeira etapa é muito importante, pois é a chamada "gestação afetiva". Essa fase normalmente vem após um longo tempo tentando uma gravidez por vias naturais, depois artificiais, seguida de frustrações e um consequente abalo emocional; até passar pela aceitação e começar a considerar a possibilidade de adotar. Pelos relatos que chegam até mim, o casal considera a adoção depois de refletir, pesquisar e pensar bastante. Mas há também casais (homo ou heteros) que sempre pensaram em adotar, ou até mesmo pessoas solteiras que querem formar uma família. Esse assunto rende um post específico, pois hoje em dia é muito linda a diversidade e as inúmeras possibilidades de se formar uma família e isso dá pano pra manga... Mas, voltando à gestação: assim como uma gravidez natural, a gestação afetiva é o tipo de escolha que muda a vida do “ser vivente”! É um tempo valioso para os pretendentes à adoção se prepararem para serem pais e para receber seu filho com o coração cheio de amor e paciência. O tempo dessa etapa dura em média 9 meses, como uma gestação natural, mas pode demorar mais dependendo do perfil da criança escolhido pelos pais. 
Dou destaque para a etapa 3: é obrigatório frequentar grupos de apoio à adoção, ainda bem!!! Porque são encontros riquíssimos de troca e muitos depoimentos sobre as peculiaridades da adoção, e só quem já passou por isso pode compartilhar suas experiências, então é super válido participar ativamente desses encontros.




















Se a chegada de um filho ou dois ou três... muda a vida de um pai e/ou de uma mãe, imagina um novo pai e/ou uma nova mãe na vida de um filho? No caso da adoção estamos falando de uma mudança significativa na vida de um ser já formado, que já teve suas experiências intra e extra-uterinas. Alguns até conheceram seus pais biológicos. Alguns já passaram de uma instituição pra outra, já se despediram de amigos que foram adotados antes, já tiveram que lidar com grandes perdas, já possuem buracos emocionais profundos. Independente da história de cada criança e adolescente abrigado, todos aqueles que foram destituídos do poder familiar (liberados para adoção) esperam por uma família, desejam um lar, necessitam de amor. E essa é a grande beleza da adoção, o encontro com pessoas que tem esse amor pra dar, querem formar essa família e um verdadeiro lar.


Fonte das imagens: Instituto Brasileiro de Direito da Família (Ibdfam)

Debate sobre novas regras de adoção, participe!



A um dia do fim da consulta pública sobre a revisão nos procedimentos de adoção no país, o Ministério da Justiça e Cidadania contabiliza cerca de 800 contribuições da população em sua plataforma online. A pasta irá analisar as mensagens enviadas antes de finalizar a minuta que irá enviar ao Congresso. A expectativa é que isso ocorra ainda neste ano.

A consulta pública foi aberta por um mês para debater o que pode ser melhorado na legislação atual. Ela será encerrada nesta sexta (4). Já houve, antes disso, discussões com promotores, juízes e especialistas. O projeto de lei elaborado pela pasta tem como objetivo acelerar os processos de adoção no país. Para isso, são propostas alterações especialmente no Estatuto da Criança e do Adolescente. Entre elas estão prazos pré-estabelecidos para o estágio de convivência e para a conclusão da ação de adoção.

Há atualmente 38.072 pretendentes no Cadastro Nacional de Adoção. Na outra ponta, estão 7.158 crianças cadastradas. Além da demora, há outros fatores que fazem com que esse abismo não seja superado, como a exigência de alguns pais em relação ao sexo, à idade e à cor das crianças.

Outro ponto importante diz respeito à destituição do poder familiar. Muitas das crianças em abrigos não estão aptas à adoção por esse motivo. A estimativa é que haja 46 mil crianças em instituições de acolhimento no país. E a demora da Justiça, neste caso, também faz com que as crianças envelheçam e aproximações acabem não ocorrendo.

O projeto do governo estipula prazos hoje não contemplados, regulamenta a função do “padrinho afetivo” e propõe, no fim, uma mudança simbólica do nome de “família substituta” para “família adotiva”.

VEJA O QUE PODE MUDAR:


TEMPO DO PROCESSO
Como é hoje:
A Justiça avalia caso a caso e estipula o tempo que acha necessário para o estágio de convivência, para a guarda provisória e para dar a sentença da adoção em definitivo.
O que diz o projeto: 
O estágio de convivência terá no máximo 90 dias e poderá ser prorrogado por igual período. Já o prazo máximo para conclusão da ação será de 120 dias, prorrogáveis por igual período. 

ENTREGA VOLUNTÁRIA 
Como é hoje: 
A lei diz que “as gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude”. Na prática, no entanto, muitas têm medo de fazê-lo, já que muitas vezes são acusadas de crime (abandono de incapaz). 
O que diz o projeto: 
Ele afirma que, “caso a mãe não indique a paternidade e decida entregar voluntariamente a criança para adoção, ela terá 60 dias a partir do aconselhamento institucional para reclamá-la ou indicar pessoa da família extensa como guardião ou adotante”. Terminado esse prazo, a destituição do poder familiar será imediata e a criança será colocada para adoção 

APADRINHAMENTO 
Como é hoje: 
Não existe na lei a regulamentação do apadrinhamento, mas há projetos sendo realizados em várias partes do país. 
O que diz o projeto: 
Ele define o papel do padrinho como aquele que “estabelece e proporciona aos afilhados vínculos externos à instituição, tais como visitas, passeios nos fins de semana, comemoração de aniversários ou datas especiais, além de prestar assistência moral, afetiva, física e educacional ao afilhado, ou, quando possível, colaborar na qualificação pessoal e profissional, por meio de cursos profissionalizantes, estágios em instituições, reforço escolar, prática de esportes entre outros”. Os padrinhos têm de ter no mínimo 18 anos e uma diferença de idade de ao menos dez para a criança ou para o adolescente. 

ADOÇÃO INTERNACIONAL 

Como é hoje: 
O prazo mínimo para o estágio de convivência é de 30 dias. Não há menção a limite máximo. 
O que diz o projeto: 
O estágio de convivência deverá ser de no mínimo 15 e no máximo 45 dias. 



Consulta pública 
O maior número de comentários na consulta pública aberta pelo ministério diz respeito ao parágrafo 1º-B, do artigo 13, que diz que, “caso o pai não seja encontrado, a Justiça da Infância e da Juventude poderá contatar a família extensa, formada por parentes próximos com os quais a gestante, a mãe ou a criança convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade, desde que não se coloque em risco a integridade física e psíquica da gestante ou mãe”. 

Como as pessoas podem avaliar as observações, a mais “curtida” é a da internauta Franci. “Acredito que se a criança chegou ao ponto de ir para o acolhimento é porque a família extensa não tenha vínculos nem afinidades. Se a família extensa aceita a criança apenas para criar e não para ser filho, acredito que a criança esteja em risco. Vejo que quando a família extensa tem um vínculo forte com mãe ou gestante não deixa a criança chegar até o acolhimento”, afirma, na postagem.

O segundo ponto com o maior número de comentários é o que fala da entrega voluntária. Jefferson Silva diz que “é preciso garantir que a mãe terá acompanhamento durante esses 60 dias. “Caso a mãe indique uma pessoa da família, esta também deverá ser analisada antes que a criança seja entregue a essa nova família. Sempre respeitando o tempo de 60 dias sem direito a aumento do prazo, para respeitar a integridade da criança”, afirma.

Alguns pontos geram mais controvérsia. No caso do novo prazo de convivência para os adotantes internacionais, a maioria acha que ele deve ser igual ao dos brasileiros.

Todas as contribuições feitas pelo público até agora na consulta pública podem ser acessadas no site do Ministério da Justiça e Cidadania.


Críticas ao projeto
A diretora jurídica da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção (Angaad), Silvana do Monte Moreira, diz que o processo de mudança é "açodado" (precipitado). "A população nem sequer se deu conta do que está acontecendo", afirma. Para ela, o número de contribuições na página, levando em conta uma população de mais de 200 milhões de habitantes, é "ínfimo".

Ela irá participar de um encontro nesta quinta no Ministério Público, no Rio, para debater as propostas de mudança e acredita que alterações possam ser feitas. Para Silvana, os prazos, por exemplo, são "inexequíveis". "De que adianta estabelecer prazos se as varas não têm competência exclusiva nem equipes técnicas suficientes?" A diretora jurídica da entidade afirma ainda que estabelecer um prazo para o estágio de convivência é irreal. "Ele depende de cada criança, da singularidade de cada uma. Algumas precisam de menos tempo, outras necessitam de seis meses."

Sobre a entrega voluntária, ela acredita que a lei possa dar segurança às mães, mas critica o prazo de dois meses para arrependimento. Em relação ao apadrinhamento, diz que se trata de algo desnecessário. "As varas já regulamentaram isso. Vários grupos de apoio também têm programas de apadrinhamento. Para que mexer em algo que está funcionando? Até porque é diferente a realidade de cada localidade."

Silvana, que também é presidente da Comissão de Adoção do Instituto Brasileiro de Direito da Família (Ibdfam), acredita ainda que estipular um tempo máximo de convivência para adotantes internacionais fará com que muitas crianças deixem de ter essa oportunidade. Dados mostram que esse tipo de adoção vem caindo e a expectativa não é de melhora em razão do fluxo migratório de crianças refugiadas para a Europa.

"Esse projeto está caminhando rápido demais. Acho que deviam ser feitas audiências públicas em todos os estados do país", conclui.


Fonte: Thiago Reis - Portal G1 / Foto: Caio Kenji/G1


SUS oferecerá melhor tratamento do mundo para pacientes com HIV/Aids



A partir do ano que vem, o Ministério da Saúde vai fornecer o medicamento antirretroviral Dolutegravir. O remédio é o mais indicado para o tratamento de HIV/Aids pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e será oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Cerca de 100 mil pacientes portadores do vírus receberão o tratamento.

“Estamos ousando oferecer o melhor tratamento do mundo pelo menor preço possível”, destacou o ministro da Saúde, Ricardo Barros, durante a cerimônia de anúncio do novo medicamento. Segundo o ministro, esse é um desafio para todas as áreas da pasta, e não apenas para o combate ao HIV e Aids.

“Temos a clareza de que é possível fazer mais com os recursos que temos disponíveis. A nossa política é ousar e a marca de nossa gestão é oferecer mais eficiência, possibilitando melhorar o tratamento e a oferta de medicamentos no SUS com menor custo, sem onerar o orçamento”, ressaltou o ministro.

A partir da negociação com a indústria farmacêutica GSK, a pasta conseguiu reduzir em 70% o preço do medicamento, de US$ 5,10 para US$ 1,50. Assim, a incorporação do Dolutegravir não altera o orçamento atual do Ministério da Saúde para a aquisição de antirretrovirais, que é de R$ 1,1 bilhão. Mantidas as negociações atuais para todos os tratamentos com antirretrovirais, a estimativa do Ministério da Saúde é de uma economia de R$ 5 milhões.

Para a diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, Adele Benzaquen, mais importante do que reafirmar o papel do País na vanguarda da condução da política de combate ao HIV e Aids, a incorporação do Dolutegravir reforça o compromisso maior do Ministério da Saúde de oferecer às pessoas que vivem com HIV e Aids a melhor tecnologia existente de forma sustentável.

“O Dolutegravir apresenta uma série de vantagens para essas pessoas. Além de potência muito mais alta, o novo medicamento apresenta um nível muito baixo de eventos adversos” esclareceu a diretora. Além disso, a diretora reforçou que o novo medicamento também apresenta maior eficácia ao longo do tempo, o que acarreta o menor aparecimento de vírus resistentes ao longo do tratamento. “Isso possibilita maior qualidade de vida aos pacientes ao longo dos anos”, reforçou a diretora.

Efeitos colaterais

O novo medicamento apresenta um nível muito baixo de eventos adversos, o que é importante para os pacientes que devem tomar o medicamento todos os dias, para o resto da vida. Com menos eventos adversos, os pacientes terão melhor adesão e maior sucesso no tratamento.

O diretor do Departamento de HIV, da Organização Mundial de Saúde (OMS), Gottifried Hirnschael, por meio de mensagem em vídeo, destacou que desde os primeiros dias da epidemia global de HIV, o Brasil foi pioneiro ao introduzir as mais inovadoras intervenções, com criatividade e eficiência. De acordo com ele, “o Brasil também esteve entre os primeiros países, no fim de 2013, a introduzir a política de ‘tratar todos’ e oferecer tratamento a todas as pessoas HIV positivas o mais cedo possível”, disse Gottifried Hirnschael.

Sobre a incorporação do novo medicamento no SUS, Gottifried ressaltou que “a OMS está feliz com o anúncio de que o Brasil é um dos primeiros países a introduzir o dolutegravir, um dos mais recentes tratamentos, no seu programa nacional. A OMS recomenda o uso desse medicamento para aumentar ainda mais a qualidade do tratamento do HIV”, afirmou. Para ele, com a implementação dessa nova política, o Brasil será capaz de melhorar a saúde e o bem-estar de milhões de pessoas vivendo com HIV e irá inspirar outros países a fazer o mesmo.

Tratamento

Inicialmente, o novo medicamento será ofertado no SUS a todos os pacientes que estão começando o tratamento e também aos pacientes que apresentam resistência aos antirretrovirais mais antigos. A expectativa é que, em 2017, cerca de cem mil pacientes iniciem o uso do novo remédio.

Já incorporado ao SUS pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), o medicamento será incluído ao novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Manejo da Infecção pelo HIV, que será atualizado ainda neste ano.

Atualmente, o esquema de tratamento das pessoas na fase inicial é composto pelos medicamentos tenofovir, lamivudina e efavirenz, conhecido como 3 em 1. A partir de 2017, o dolutegravir associado ao 2 em 1 (tenofovir e lamivudina) será indicado no lugar do efavirenz para pacientes que iniciem tratamento e aqueles que apresentam resistência aos medicamentos mais antigos.

Panorama

Desde o começo da epidemia, o Brasil registrou 798.366 casos de Aids, acumulados no período de 1980 a junho de 2015. No período de 2010 a 2014, o Brasil registrou 40,6 mil casos novos por ano, em média. Em relação à mortalidade, houve uma queda da taxa de mortalidade por Aids de 10,9% nos últimos anos, passando de 6,4 por 100 mil habitantes em 2003 para 5,7 em 2014.


Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério da Saúde.

Vou escrever a segunda edição do livro :) Faça parte, compartilhe a sua história!


Escrevi o Adoção PositHIVa em 2006, como TCC do curso de Jornalismo. O trabalho tomou uma dimensão inimaginável... foi premiado... batalhei para publicar e imprimir apenas 200 unidades. Na época achei que seria muito, ficaria com um estoque na minha casa... que nada!! Os exemplares impressos acabaram faz tempo! Desde 2008, ano de lançamento do livro e do blog, enviei livros para diversas cidades desse Brasil, desde Porto Alegre até Manaus. Alegria que não cabia no peito cada vez que remetia um livro pra outra cidade. Eu arcava com o custo do envio e confiava àquele que solicitou o depósito do valor simbólico de R$ 20,00 + o custo do Correio para que o depósito fosse feito para uma das instituições que abrigavam crianças soropositivas aqui em Curitiba, APAV e ACOA (atualmente, ambas encerraram as atividades). Era mais uma forma de ajudar as crianças abrigadas. Outra parte do estoque foi doada a interessados. E desde que acabaram os impressos, envio a versão digital gratuitamente para quem entra em contato comigo através de e-mail (quase toda semana tem solicitação), pessoas que pesquisam e acham esse blog como uma luz no fim do túnel, pois desde 2006 (!!!) ainda não foi lançado nenhum material jornalístico que aborde Adoção e Aids (lembro até que esse foi um argumento forte na defesa do meu TCC!). Então fico MUITO feliz em saber que o livro cumpre com o seu objetivo de levar informação a quem se interessa por esse tema, seja como apoio para trabalhos científicos ou como inspiração para adoções positivas. E o blog faz essa ponte, de forma muito eficaz, mesmo desatualizado por uns períodos, às vezes sem resposta aos comentários (“em casa de ferreiro o espeto é de pau”), mas nunca deixei de responder aos e-mails que chegam através dele!

Toda vez que eu encaminho o livro, esclareço que ele foi escrito em 2006, que os números sobre HIV/Aids estão desatualizados, que as informações sobre os processos de adoção também, pois na época não existia, por exemplo, o Cadastro Nacional de Adoção o que, teoricamente, surgiu para facilitar e agilizar as adoções. Mesmo assim envio, pois os relatos das famílias e as histórias de AMOR ali contidas são reais e, sim, acredito que ainda podem inspirar e tocar o coração de quem os lê.

E sem mais rodeios, o objetivo deste post é comunicar que estou dando ouvidos a esse chamado, o de continuar honrando essa causa, informar, esclarecer e abrir caminhos para as Adoções Positivas. Plantei a primeira sementinha desse próspero projeto, vou iniciar a pesquisa para escrever a segunda edição e quem quiser contribuir com a sua história ou trabalho em prol desse universo, será MUITO bem-vindo!

Gratidão! E vamo que vamo!!

daypositiva@gmail.com
facebook.com/adocaoposithiva


Programa Histórias de Adoção


No Brasil há cerca de 55 mil crianças e adolescentes morando em abrigos e precisando de acolhimento familiar. Do outro lado, 28 mil pais que desejam adotar um filho. Existem muitos mitos e tabus acerca da adoção que precisam ser pensados e discutidos. 

Estou apaixonada por uma séria do canal GNT que mostra encontros mágicos entre pais e filhos. Histórias emocionantes que vale a pena conhecer e, quem sabe, se inspirar! 

A série passa às terças-feiras, às 23h no canal GNT: 
http://globosatplay.globo.com/gnt/historias-de-adocao/